No rodar dos tempos há
tempos para tudo! Tempos de euforia e tempos de contenção.
Certo dia desci a “Quinta
Avenida” e a curiosidade levou-me a visitar a Catedral de N.Y., um
vasto templo em estilo gótico onde imperavam vitrais.
Havia ali uma multidão
que venerava um grande quadro, suspenso do tecto da nave do lado da
Epístola, representando, em dilatado tamanho a “Virgem de
Guadalupe”. «Nuestra Madre» dos Azetecas, pintada como
a vira o miraculado “Juan Diego”.
Passados dias voltei e à
catedral, dessa vez havia mais gente; à entrada e uma dúzia
de vigilantes, por motivos de segurança, passavam a pente fino
as carteiras e objectos mais volumosos que os fiéis levavam.
Na Catedral da SS.
Trindade a multidão mostrava, pelos rostos morenos, a
presença, do sofrido povo mexicano; denunciava a rudeza da
vida madrasta de “imigrantes clandestinos”, á espera de
merecer da Mãe abundante “colheita de graças”.
A visão daquela
avalancha de gente carente, a Metrópole mais rica do Mundo,
também transmitia Fé. Gentinha que mostrando precisar
de receber, “vinha dar”, que é uma forma de pedir.
Gentinha que fazia lembrar
o semeador que, a pensar em abundante colheita, lança à
terra os últimos grãos de semente, que possui e tanto
jeito lhe fariam.
Lembra a conversa do
Profeta Elias com a mulherzinha a quem, por mando de Deus fora pedir
pão e apenas obteve como resposta *):
«- Tenho apenas um punhado de farinha na panela
e um pouco de azeite na ânfora; mal tenha reunido um pouco de
lenha entrarei em casa para preparar esse resto para mim e para meu
filho; vamos comê-lo e depois morreremos.»
Elias
respondeu-lhe:
“-
Não tenhas medo; vai a casa e faz como disses-te. Faz-me um
pãozinho e traz-mo. Depois é que prepararás o
resto para ti e para o teu filho.”
16Nem
a farinha se acabará na panela, nem o azeite faltará na
almotolia, conforme dissera o Senhor pela boca de Elias.
A
panela da farinha não se esgotará.» Os
devotos da Virgem de Guadalupe parece que vêm trazer, a
«Nuestra Madre» azeteca, o “último punhado
de farinha” e “ qanto resta de azeite, na ânfora.”
Algo parecido
com o semeador que só pela Fé deitarà à
terra as últimas sementes do saco. Sementes preciosas e último
punhado de alimento; mas ele não tem dúvida de que Deus
lhe vai retribuir a trinta por um, a cinquenta ou a cem por um; como
primeiro passo da Fé que o leva a acreditar que vai esconjurar
a fome!
O Peregrino azeteca, que
oferta a «Nuestra Madre» os últimos cêntimos;
o lavrador que lança à terra o último punhado da
preciosa semente, não o fariam, se vissem
continuamente defraudada a Esperança.
A Fé
leva à Esperança e faz o milagre!
-
*) - História
de Elias (17,1-19,18)
M.
C. Santos Leite
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