Camélias do meu jardim!
Brancas, níveas!
Ou vermelhas e rosadas;
”pompónias” ou rajadas.
E as “mutábilis” *),
que sempre teem surpresas para mim.
No Oriente viram a luz do dia,
e os navegadores, por elas encantados, por mares
“mal navegados”, chegaram cá.
… e, produziram tantas «rosas» que,
encantaram a burguesia.,
Do
Japão veio a “japoneira”
que
deu «rosas» e “quimeras”;**)
-
“Quimeras”hoje? Quem as terá?
-
Terá “quimeras” quem tem “japoneiras”! Colherá
“quimeras” entre “rosas” de “cameleiras”!
*) – Mutábilis – Família de camélias que, durante a floração, mudam as características das flores.
**) – As “quimeras” são ramos de camélia cujas flores diferem da produção habitual, dando origem a novas variedades individualizáveis.
Quimera é sinónimo de “aspirações irrealizáveis” ou de “sonhos mal sonhados”.
AS
JAPONEIRAS
Os
portugueses tendo sido os primeiros europeus a chegar ao Japão,
trouxeram até nós as primeiros arbustos de o
“japoneira” e o nome pegou. Mais tarde, um tal "Camel",
impos-lhes o seu nome
e daí ser também conhecido por «camélia».
Foram
os portugueses quem primeiro encontrou este simpático arbusto
e que, antes que outros, o deram a conhecer em Portugal e pela
Europa. Era um arbusto
precioso, até pela folhagem brilhante que inicialmente foi
comparada ao loureiro.
Uma
das características curiosas da japoneira é a
facilidade com que uma planta dá flores de cores várias,
ou muda o formato ou tamanho; por via desse pormenor uma boa porção
delas é classificada como "mutábilis"; e são
muitas as espécies em que surgem flores diferentes.
Daí
resulta que poucas japoneiras tenham "nome"; com a
capacidade de mudar, apresentam tão grande variedade de cores,
de tamanhos e de pormonores que seja "impossível"
identificá-las para que possam receber nome. Falando com um
"mestre da especialidade" dizia-me: «- Classificá-las
e denominá-las? ... mas como?
De
facto é impossível dar nome aquilo que se não
consegue identificar. Assim receberam nome aquelas que é
possível identificar.
Às
«mutações» que encontramos, em ramos
chamamos-lhes "quimeras" porque em muitos casos é
possivel dar-lhes raiz e obter uma planta diferente.
Encontrar
«quimeras» e "individualizar
as mais válidas", torna-se um “obi” em busca de
novidades.
"Indiviadulizar
uma quimera "; é dar-lhe uma raiz usando conhecidas
técnicas . Encontrar a «quimera» e
«individualizá-la», foi o que fez o jardineiro
portuense «Gouveia Pinto» que "fixou" uma
variedade que lhe imortalizou o nome.
A
observação das flores trás-nos surpresas
impensáveis, sem que consigamos
conhecer as razões que a isso conduzem.
A
simples ramagem sofre, em certas variedades, a invasão de um
«pedrado branco" característico. Pedrado que em
certas variedades é fixo, sendo noutras mutável.
A
variedade «Allba Simplex» é flor de um branco
irrepreensível e de médio diâmetro , com
muitíssimas pétalas. São tantas as pétalas
que lhe cobrem e atrofiam os órgãos sexuais, resultando
que raramente lhes encontremos sementes.
Quando
reproduzimos camélias por semente ou por "estaca",
exaltamos o vigor e a proliferação da espécie e
resultando flores simples e com estames, vulgarmente tidas por
«bravas».
A
japoneira aprecia as terras graníticas e frescas
do Norte de Portugal, tendo aí
grande capacidade de adaptação. Quer ser regada durante
o Verão; pode morrer se a deixam entregue a si e à
sede.
Na
Área M. do Porto tem-se sido notada a antecipação
do início da floração.; algumas começam a
florir no fim de Setembro; nos dias mais frios atingem o
máximo
da floração. As épocas de floração
variam com a espécies. As plantas de floração
mais atrasada
continuam a florir enquanto houver humidade atmosférica. As
pétalas queimam-se com a geada e, à aproximação
do tempo quente, não resistem
à secura da atmosfera.
M.
C. Santos Leite
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