quinta-feira, 9 de outubro de 2014

“Via láctea”… por terras minhotas


Passei o Convento de Vairão e a Ponte de D. Zameiro - a que já ouvi chamar “Ponte da Maia” - embrenhei-me por “Terras de Faria” a caminho da Ponte de Barcelos; O meu destino era Barcelos!
Por ali as ruas, já minhas conhecidas, sendo boas, não são largas e o movimento não era intenso.
Não teria prestado grande atenção à paisagem se o meu “pendura” não me fosse chamando a atenção para o encanto, que nos rodeava.

Passei a admirar a verdura intensa dos milheirais de folhagem novinha em folha, enquadrada no horizonte de floresta estendida por afastado horizonte …

Os campos ricamente murados e agricultados com luxo, dão nota de que proprietários e propriedade são enlevo de todos.

Habitações, grandes e pequenas; muros de quintais e de jardins, irrepreensivelmente brancos. Nada conspurcado com estranhos “grafitis”.
A viatura entrou num aglomerado, dos muitos que surgem; Todos bem tratados e belos.
Foi grande a tentação de encostar, para ver melhor as aldeias e os autênticos palácios e grandes casas. Todas “boa traça” e boa construção e adornadas de cuidados jardins. Muitas, há muito reduzidas a “elegantes casas de Verão”.

Os Caminhos de Santiago são autênticas “Vias Lácteas”.
Não há Caminhos de Santiago que passem por terras que tanto leite produza.
São terras cheias de História, de lendas e de contos por contar.
O Minho não se fica pelo leite.

O Minho oferece deleite!
É Terra que clama por Poetas, Por Pintores que dêem mais relevo e colorido à paisagem; clama por Músicos que explorem a extensa etnografia e o folclore; a gastronomia e as canecas de vinhos irrequietos, frutados e frescos.
As irrequietas, coloridas festas que se estendem como luzes, por todo o Minho e pelo Verão inteiro.

Sem esquecer o povo hospitaleiro trajado de cores garridas que canta e dança, seja no trabalho ou pelas romarias.; Nem o colorido dos trajes do rico folclore, nem as ricas ornamentações coloridas dariam sentido a tantos e atroadores “Zés Pereira” e a tanto despique de “bandas de música”.
Recordações de tempos idos de “atroadoras 21 tiros dasalvoradas”, ao estrelejar de fogos

coloridos das noitadas que ao longe “distribuem convites” para a “ - nossa festa” se aquele povo não fosse tão acolhedor e tão amante de festas e de convívio.

Encostado à berma tentei parar uns instantes, mas a estrada, não oferecia espaço para aparcamento ínfimo que fosse; os passeios, impecavelmente arranjados, com cinquenta centímetros de largura não ofereciam a menor segurança ao pobre peão ou ao peregrino.
Foi aí que notei um peregrino de bordão e mochila, que pé no passeio, pé na estrada laboriosamente regressava de Compostela.
O passeio, dificultava o peregrinar e nada defendia do trânsito.

Vinha eu a pensar como seria agradável, ficar por ali uns tempos perdido entre tanta beleza; Banhado num mar de luz.
Pensei:
«- Será esta gente alheia ao Turismo e aos “Caminhos de Santiago”?

- Ah céus; Compreendi!
Aqui é “tanto o leite” e “tanto o mel” que nem as Autoridades se aperceberam de que a “Via Láctea” também passa ali; Pelo Minho!


mc santos leite

Sem comentários:

Enviar um comentário